domingo, 12 de julho de 2009

V.I.T.R.I.O.L. No ritual da Iniciação maçônica



No ritual da Iniciação maçônica, templária, rosacruz ou outra do gênero (consignada pela Tradição Hermética das Idades), o neófito/aprendiz em dado momento se vê confrontado em sua "câmara de reflexão" face à expressão V.I.T.R.I.O.L. e freqüentemente não têm a menor idéia do que se trata.
A Pedra Filosofal dos antigos alquimistas leva ao entendimento de que a palavra em si não é outra coisa senão a profunda descoberta de si mesmo, na solidão, no seio da Terra, ou, doutro modo, é o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e à Sociedade em geral.
Efetivamente a palavra VITRIOL, que se escreve com 7 letras, é a frase mais misteriosa e secreta que se conhece, a verdadeira Palavra-Passe ou o "Ábre-te Sésamo" para o Mundo Oculto dos Deuses ou dos Homens Semi-Deuses, e cujo sentido real e profundo até hoje não foi decifrado senão por aqueles que têm o direito a adentrar o mais sublime de todos os Tabernáculos localizado no interior da Terra.
“VISITA INTERIOREM TERRAE RECTIFICANDOQUE INVENIES OCCULTUM LAPIDEM”, ou seja, Visita o Interior da Terra Retificando-te Encontrarás a Pedra Oculta.
A "pedra oculta" é a PEDRA DO SÁBIO que se pode transformar na PEDRA FILOSOFAL, a pérola da Filosofia Divina, e é esta que torna o homem num ser sublime, mais evoluído, justo e perfeito, no trajeto da Vida Universal. Tal é o objetivo do verdadeiro iniciado (Maçom, Templário, Rosacruz ou outro) que busca o conhecimento Sagrado e Divino.
Porém...
«Hoje não conheceis mais a "palavra-passe" egípcia, que era pronunciada à entrada do Templo.
Susbstitui-a, pois, por aquela outra latina, que prova estar em justo e perfeito equilíbrio com o Templo, como o obreiro ou o construtor do Edifício Humano.
Sim, estar JUSTUS ET PERFECTUS. A mão direita e o pé do mesmo lado firmavam na Terra o Compasso e o Esquadro, além do mais para dignificar também o "Quaternáreo Terreno".
Este está representado na Tragédia do Gólgota - nas quatro letras I.N.R.I que não quer dizer apenas IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM, enquanto o indeformável Triângulo que figura no Templo Maçônico está no mesmo "Corpo Eucarístico" de Jesus, representado pelas três letras J.H.S. entre os 'dois ladrões' onde foi crucificado, ladeado por “Duas Colunas” vivas, Jakim e Bohaz, cujas iniciais J e B também figuravam nas duas cidades onde o mesmo Jesus nasceu e morreu: Belém e Jerusalém.
São ainda as mesmas iniciais de João Batista (seu Arauto ou Anunciador JOKANAN). Quanto ao termo "João Batista" - hoje com significado mais misterioso do que outrora e relacionado com o Culto de Melkisedeque -, cumpre esclarecer que se acha estreitamente ligado ao Rito ADONHIRAMITA de Adam, Hiram, e Ita, Mita ou Mitra». ( In "Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria" de Dr. Victor Manuel Adrião).




Na iniciação, fatos inusitados acontecem vertiginosamente. A venda, a tolher talvez um dos mais preciosos sentidos, que é o da visão, aumenta a tensão.
Os segredos que os irmãos não falam para neófito nenhum, para não tirar deles, mestres maçons o prazer de saborear a reação do iniciando em face de um “obstáculo praticamente intransponível". Este momento tão especial, repleto das mais altas indagações e dos mais altos símbolos maçônicos, deixa aturdido a todo aquele que por ele passa.
Só algum tempo depois, lendo sobre a Ordem, estudando o Ritual e assistindo a uma iniciação é que o iniciado pode começar a compreender o ocorrido durante a sua iniciação. Procurando estabelecer divisões,dissecar os fatos.
Daí surge um símbolo representado pelas iniciais “V.I.T.R.I.O.L”.Qual o seu significado? O que designa?
Com que finalidade se encontra na parede da Câmara de Reflexões?
Inicialmente, verifica-se que ele não é elemento obrigatório, numa Câmara de Reflexões, elementos obrigatórios são, por exemplo: a ampulheta, o esqueleto humano, enxofre, o pão e a água. Mas, embora facultativo, ele se encontra presente na maioria das Câmaras de Reflexões, enquanto que outros objetos, obrigatórios, às vezes ali não estão presentes.






“V.I.T.R.I.O.L” é a abreviatura de uma frase em latim: “Visita Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem”. Ao pé da letra isto significa: “visita o interior da terra e, retificando-te, encontrarás a pedra oculta”.A profundidade de tal frase salta aos olhos, primeiramente, por que é no interior da terra, ou seja, na Câmara de Reflexões, que o Profano morre para nascer um Maçom.
A Câmara de Reflexões, na realidade, relembra as cavernas das antigas iniciações, inclusive religiosas. Como qualquer iniciação, simboliza a morte material de alguém e o seu ressurgimento num plano mais elevado.
O iniciando permanecia no interior de uma caverna da qual, em dado momento, saía por uma fenda ou orifício, como se estivesse nascendo.
Segundo José Castellani, ainda existem tribos na África que se utilizam desse ritual, quando se considera morta a criança que ali entrou e nascido o homem maduro saído de lá, pronto para a vida.
A Câmara de Reflexões representa, ainda, o útero da mãe terra, de onde os filhos da viúva nascem para uma nova vida.
O conceito atual de masmorra foi introduzido pelos franceses na metade do Século XIX, influenciados pela Revolução Francesa e por um sentimento anti-místico oriundo do iluminismo francês, mas esses fatos não podem desvirtuar a sua origem.
Em segundo lugar, “retificando-te” significa, na verdade o “seguir em linha reta”, ou seja, agir em si mesmo com profundidade.
É nesse momento de solidão, de encontro consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do desconhecido, que o novo homem se retifica interiormente, deixando de lado todos os vícios de uma vida anterior para adotar novos padrões de conduta moral.
E, ao fazer isso, mostra-se para o novo homem a pedra oculta que há dentro de todos.Tal pedra ainda se encontra em estado bruto, necessitando ser trabalhada, lapidada.
O que só acontece com o aprendizado constante, com a prática incessante das boas ações, com o respeito às normas, com a presença constante em Loja, com a aplicação dos princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a humildade!


De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento.
Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário, para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o diferencia dos demais animais: A pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades .




A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o mais profundo do EGO do iniciando, e é usada como originária da força dos alquimistas, que acreditavam na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, aquela pedra que transformava os metais inferiores em ouro.
Esse processo de transmutação, visto pela alquimia prática como “pedra filosofal”, é também conhecido como Obra do Sol, ou Crisopéia, ou Arte Real.


No entanto, para a alquimia oculta, todavia, a frase é um convite ao conhecimento do ser interior, da espiritualidade, já que a Obra do Sol é a transmutação do quaternário humano, inferior, no ternário divino, superior ao homem. A PEDRA OCULTA é a PEDRA DO SÁBIO, que pode se transformar na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, dentro de cada homem há uma PEDRA OCULTA, conhecida também como PEDRA DO SÁBIO, que o diferencia do animal irracional e que qualifica o ser humano como tal.


Trabalhada a PEDRA DO SÁBIO tem-se a PEDRA FILOSOFAL, ou a PEDRA POLIDA, surgida com a transformação do bruto Profano, em um novo homem, um Maçom.
Encontrada a pedra oculta, ou a PEDRA DO SÁBIO, mas esquecendo-se de que o trabalho com essa pedra bruta deve ser constante, o homem não avança, não cresce espiritualmente e a pedra permanece bruta, não mostrando a sua beleza interior, permanecendo carregada de impureza que a obscurece e a torna imprestável para o uso a que se destina.

O Maçom que mantém a sua pedra oculta com traços de impureza, causados por ações ou omissões denominadas vícios, não pode ser chamado de Maçom
Daí, pode-se afirmar sem temor que o trabalho do Maçom na pedra bruta deve ser diário, incessante, devendo ele com constância, visitar o interior da terra, retificando-se, na busca da pedra oculta.
E seguir trabalhando-a na busca da evolução contínua e infinita!


Por fim, a palavra VITRIOL não só simboliza a constante busca do homem para melhorar a si mesmo, polindo a “pedra bruta” da personalidade humana (o seu ego-inferior) para que um dia brilhe a sua Individualidade (o Eu Superior) que surge como um diamante diáfano pela limpeza da alma ou pureza em seu coração (chakra cardíaco ou plexo-solar).


A palavra V.I.T.R.I.O.L. vai além do trabalho do homem sobre si mesmo, e significa também um Lugar Oculto no Interior da Terra, que é conhecido há milhares de anos pelos Lamas Tibetanos e Mestres Hindus ou Brahmanes como o Reino de Agharta (AG - Fogo; HARTA - Coração = Coração de Fogo), onde vive uma Civilização avançada em milhares de anos, sob um Sol Central que ilumina Shamballah, a "Shangri-lá, a Morada Eterna do Rei do Mundo, onde vivem os Santos e Sábios Homens que de tempos a tempos surgem na superfície para instruir a Humanidade.
“E muito mais teria para vos dizer mas não estais preparados para suportá-lo agora..."
dizia o Grande Mestre de Amor/Sabedoria que por sinal nasceu numa gruta e foi visitado por três “Reis Magos” vindos dos lados do Oriente, não se sabe de onde, que o saudaram como um grande Rei, a quem veneraram oferecendo ouro, incenso e mirra, com todo o significado simbólico que contém.
Fica aqui mais esta dissertação.
Pausa para reflexão!



Referências:
Dr. Victor Manuel Adrião,"Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria
Francis Bacon, Nova Atlântida
Helena P. Blavatsky: Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta,
Thomas Moore, Utopia
Tommaso Campanella, A Cidade do Sol
Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra
Bulwer Lytton, “A Raça futura”
James Hilton, Horizonte Perdido











2 comentários:

  1. Aline, parabéns pelo excelente trabalho, foi-me útil, talvez um dia o ser humano ainda compreenda tudo isso...

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