domingo, 12 de julho de 2009

V.I.T.R.I.O.L. No ritual da Iniciação maçônica



No ritual da Iniciação maçônica, templária, rosacruz ou outra do gênero (consignada pela Tradição Hermética das Idades), o neófito/aprendiz em dado momento se vê confrontado em sua "câmara de reflexão" face à expressão V.I.T.R.I.O.L. e freqüentemente não têm a menor idéia do que se trata.
A Pedra Filosofal dos antigos alquimistas leva ao entendimento de que a palavra em si não é outra coisa senão a profunda descoberta de si mesmo, na solidão, no seio da Terra, ou, doutro modo, é o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e à Sociedade em geral.
Efetivamente a palavra VITRIOL, que se escreve com 7 letras, é a frase mais misteriosa e secreta que se conhece, a verdadeira Palavra-Passe ou o "Ábre-te Sésamo" para o Mundo Oculto dos Deuses ou dos Homens Semi-Deuses, e cujo sentido real e profundo até hoje não foi decifrado senão por aqueles que têm o direito a adentrar o mais sublime de todos os Tabernáculos localizado no interior da Terra.
“VISITA INTERIOREM TERRAE RECTIFICANDOQUE INVENIES OCCULTUM LAPIDEM”, ou seja, Visita o Interior da Terra Retificando-te Encontrarás a Pedra Oculta.
A "pedra oculta" é a PEDRA DO SÁBIO que se pode transformar na PEDRA FILOSOFAL, a pérola da Filosofia Divina, e é esta que torna o homem num ser sublime, mais evoluído, justo e perfeito, no trajeto da Vida Universal. Tal é o objetivo do verdadeiro iniciado (Maçom, Templário, Rosacruz ou outro) que busca o conhecimento Sagrado e Divino.
Porém...
«Hoje não conheceis mais a "palavra-passe" egípcia, que era pronunciada à entrada do Templo.
Susbstitui-a, pois, por aquela outra latina, que prova estar em justo e perfeito equilíbrio com o Templo, como o obreiro ou o construtor do Edifício Humano.
Sim, estar JUSTUS ET PERFECTUS. A mão direita e o pé do mesmo lado firmavam na Terra o Compasso e o Esquadro, além do mais para dignificar também o "Quaternáreo Terreno".
Este está representado na Tragédia do Gólgota - nas quatro letras I.N.R.I que não quer dizer apenas IESUS NAZARENUS REX IUDEORUM, enquanto o indeformável Triângulo que figura no Templo Maçônico está no mesmo "Corpo Eucarístico" de Jesus, representado pelas três letras J.H.S. entre os 'dois ladrões' onde foi crucificado, ladeado por “Duas Colunas” vivas, Jakim e Bohaz, cujas iniciais J e B também figuravam nas duas cidades onde o mesmo Jesus nasceu e morreu: Belém e Jerusalém.
São ainda as mesmas iniciais de João Batista (seu Arauto ou Anunciador JOKANAN). Quanto ao termo "João Batista" - hoje com significado mais misterioso do que outrora e relacionado com o Culto de Melkisedeque -, cumpre esclarecer que se acha estreitamente ligado ao Rito ADONHIRAMITA de Adam, Hiram, e Ita, Mita ou Mitra». ( In "Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria" de Dr. Victor Manuel Adrião).




Na iniciação, fatos inusitados acontecem vertiginosamente. A venda, a tolher talvez um dos mais preciosos sentidos, que é o da visão, aumenta a tensão.
Os segredos que os irmãos não falam para neófito nenhum, para não tirar deles, mestres maçons o prazer de saborear a reação do iniciando em face de um “obstáculo praticamente intransponível". Este momento tão especial, repleto das mais altas indagações e dos mais altos símbolos maçônicos, deixa aturdido a todo aquele que por ele passa.
Só algum tempo depois, lendo sobre a Ordem, estudando o Ritual e assistindo a uma iniciação é que o iniciado pode começar a compreender o ocorrido durante a sua iniciação. Procurando estabelecer divisões,dissecar os fatos.
Daí surge um símbolo representado pelas iniciais “V.I.T.R.I.O.L”.Qual o seu significado? O que designa?
Com que finalidade se encontra na parede da Câmara de Reflexões?
Inicialmente, verifica-se que ele não é elemento obrigatório, numa Câmara de Reflexões, elementos obrigatórios são, por exemplo: a ampulheta, o esqueleto humano, enxofre, o pão e a água. Mas, embora facultativo, ele se encontra presente na maioria das Câmaras de Reflexões, enquanto que outros objetos, obrigatórios, às vezes ali não estão presentes.






“V.I.T.R.I.O.L” é a abreviatura de uma frase em latim: “Visita Interiorem Terrae, Rectificandoque, Invenies Occultum Lapidem”. Ao pé da letra isto significa: “visita o interior da terra e, retificando-te, encontrarás a pedra oculta”.A profundidade de tal frase salta aos olhos, primeiramente, por que é no interior da terra, ou seja, na Câmara de Reflexões, que o Profano morre para nascer um Maçom.
A Câmara de Reflexões, na realidade, relembra as cavernas das antigas iniciações, inclusive religiosas. Como qualquer iniciação, simboliza a morte material de alguém e o seu ressurgimento num plano mais elevado.
O iniciando permanecia no interior de uma caverna da qual, em dado momento, saía por uma fenda ou orifício, como se estivesse nascendo.
Segundo José Castellani, ainda existem tribos na África que se utilizam desse ritual, quando se considera morta a criança que ali entrou e nascido o homem maduro saído de lá, pronto para a vida.
A Câmara de Reflexões representa, ainda, o útero da mãe terra, de onde os filhos da viúva nascem para uma nova vida.
O conceito atual de masmorra foi introduzido pelos franceses na metade do Século XIX, influenciados pela Revolução Francesa e por um sentimento anti-místico oriundo do iluminismo francês, mas esses fatos não podem desvirtuar a sua origem.
Em segundo lugar, “retificando-te” significa, na verdade o “seguir em linha reta”, ou seja, agir em si mesmo com profundidade.
É nesse momento de solidão, de encontro consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do desconhecido, que o novo homem se retifica interiormente, deixando de lado todos os vícios de uma vida anterior para adotar novos padrões de conduta moral.
E, ao fazer isso, mostra-se para o novo homem a pedra oculta que há dentro de todos.Tal pedra ainda se encontra em estado bruto, necessitando ser trabalhada, lapidada.
O que só acontece com o aprendizado constante, com a prática incessante das boas ações, com o respeito às normas, com a presença constante em Loja, com a aplicação dos princípios fundamentais da Maçonaria, como a fraternidade e a humildade!


De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento.
Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário, para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o diferencia dos demais animais: A pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades .




A menção à pedra oculta, ainda, significa atingir o mais profundo do EGO do iniciando, e é usada como originária da força dos alquimistas, que acreditavam na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, aquela pedra que transformava os metais inferiores em ouro.
Esse processo de transmutação, visto pela alquimia prática como “pedra filosofal”, é também conhecido como Obra do Sol, ou Crisopéia, ou Arte Real.


No entanto, para a alquimia oculta, todavia, a frase é um convite ao conhecimento do ser interior, da espiritualidade, já que a Obra do Sol é a transmutação do quaternário humano, inferior, no ternário divino, superior ao homem. A PEDRA OCULTA é a PEDRA DO SÁBIO, que pode se transformar na PEDRA FILOSOFAL, ou seja, dentro de cada homem há uma PEDRA OCULTA, conhecida também como PEDRA DO SÁBIO, que o diferencia do animal irracional e que qualifica o ser humano como tal.


Trabalhada a PEDRA DO SÁBIO tem-se a PEDRA FILOSOFAL, ou a PEDRA POLIDA, surgida com a transformação do bruto Profano, em um novo homem, um Maçom.
Encontrada a pedra oculta, ou a PEDRA DO SÁBIO, mas esquecendo-se de que o trabalho com essa pedra bruta deve ser constante, o homem não avança, não cresce espiritualmente e a pedra permanece bruta, não mostrando a sua beleza interior, permanecendo carregada de impureza que a obscurece e a torna imprestável para o uso a que se destina.

O Maçom que mantém a sua pedra oculta com traços de impureza, causados por ações ou omissões denominadas vícios, não pode ser chamado de Maçom
Daí, pode-se afirmar sem temor que o trabalho do Maçom na pedra bruta deve ser diário, incessante, devendo ele com constância, visitar o interior da terra, retificando-se, na busca da pedra oculta.
E seguir trabalhando-a na busca da evolução contínua e infinita!


Por fim, a palavra VITRIOL não só simboliza a constante busca do homem para melhorar a si mesmo, polindo a “pedra bruta” da personalidade humana (o seu ego-inferior) para que um dia brilhe a sua Individualidade (o Eu Superior) que surge como um diamante diáfano pela limpeza da alma ou pureza em seu coração (chakra cardíaco ou plexo-solar).


A palavra V.I.T.R.I.O.L. vai além do trabalho do homem sobre si mesmo, e significa também um Lugar Oculto no Interior da Terra, que é conhecido há milhares de anos pelos Lamas Tibetanos e Mestres Hindus ou Brahmanes como o Reino de Agharta (AG - Fogo; HARTA - Coração = Coração de Fogo), onde vive uma Civilização avançada em milhares de anos, sob um Sol Central que ilumina Shamballah, a "Shangri-lá, a Morada Eterna do Rei do Mundo, onde vivem os Santos e Sábios Homens que de tempos a tempos surgem na superfície para instruir a Humanidade.
“E muito mais teria para vos dizer mas não estais preparados para suportá-lo agora..."
dizia o Grande Mestre de Amor/Sabedoria que por sinal nasceu numa gruta e foi visitado por três “Reis Magos” vindos dos lados do Oriente, não se sabe de onde, que o saudaram como um grande Rei, a quem veneraram oferecendo ouro, incenso e mirra, com todo o significado simbólico que contém.
Fica aqui mais esta dissertação.
Pausa para reflexão!



Referências:
Dr. Victor Manuel Adrião,"Dogma e Ritual da Igreja e da Maçonaria
Francis Bacon, Nova Atlântida
Helena P. Blavatsky: Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta,
Thomas Moore, Utopia
Tommaso Campanella, A Cidade do Sol
Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra
Bulwer Lytton, “A Raça futura”
James Hilton, Horizonte Perdido











domingo, 5 de julho de 2009

Conclusão


O buscador reflete através de seus pensamentos, palavras e sentimentos, atitudes que revelam a sua relação consigo mesmo.

Tais relações apontam para a Jornada Mística ou Alquimia Interior que foram registradas pelos alquimistas através das suas pranchas e de seus escritos alquímicos.


É bem verdade que a prática alquímica continha um caminho prático e uma filosofia, tornando muitas vezes obscura a sua interpretação, e em função disto, estas concepções traduziam muito mais a percepção e a experiência de um alquimista ou um grupo de alquimistas, do que uma escola de pensamento alquímico.


O estudante contemporâneo das práticas alquímicas deve ter o cuidado ao olhar tais princípios, compreendendo que a alquimia traduzia também uma concepção especulativa de viver, além de uma prática manipulativa de elementos e uma forma operativa de processos.

Ciente disto, é possível que o estudante alquímico se transforme em um verdadeiro buscador e não um Soprador seduzido pelo "ouro dos tolos".

A Pedra Filosofal e A Iluminação



Foi assim que יחאזח encontrou Lúcifer (o portador da Luz) e Satanás (o adversário), conseguindo emanar de si a personalidade fruto do seu processo pessoal de Alquimia Interior, fazendo-o atingir o seu verdadeiro estado de Ser.


Mas, Jóshua ou Iéschuá (Jesus), não foi o único iluminado a descobrir as propriedades da Alquimia Interior... Se buscarmos referências dos chamados avátares em nosso orbe, veremos que todos eles buscaram a sagrada Alquimia entre a Terra e o Céu que nós somos, ascendendo as velas no Templo Interior da Alma, para que pudesse ocorrer a ascese mística, o estado de plenitude que nos faz vibrar em Harmonia, Amor, Verdade e Justiça.


Cada um utilizou o laboratório que teve em suas mãos... Montanha, deserto, abismos ou mar... O abismo ou mar representando o mergulho profundo em sua própria alma, levando o indivíduo a Iniciação. A montanha representando a necessidade de enxergar além, propiciando ao indivíduo a Elevação. O deserto representando a expansão de domínios, remetendo-nos a Exaltação.


Observa-se que todos eles traziam em si a marca da Pedra Filosofal... Dizem que eles eram capazes de realizar milagres, dizem que conseguiam alterar as propriedades da matéria, dizem que conseguiam ludibriar a morte...


Tudo isto é possível de ser verdade, mas nada disto é significativo quando falamos de Alquimia Interior. O sentido de identificação e a noção de reintegração destas consciências consigo mesmo e com o universo ao seu redor, é que parecia que dava mais sentido a elas de buscarem a sua integração com o Todo, fazendo-as atingirem estados de consciência que propiciavam a noção de Unidade. Isto é o que equivale ao ditame alquímico medieval: "Transmutati in lapis philosophorum".


Jung comentava em seu livro "Psicologia e Alquimia", que a Humanidade tem uma natural propensão aos estados alquímicos que lhe remetem a individuação. O inconsciente coletivo tende a se tornar cada vez mais convidativo a consciência, que nesta dialética permite que extravase nos sonhos, o simbolismo sagrado da sua jornada interior, condensação.


Quanto mais esta dialética se torna clara, mais criativo se torna este indivíduo, dando a sua marca pessoal em suas produções, pois permite extravasar de si o conjunto sintagmático subjetivo que o compõe e o define. Foi exatamente isto que os alquimistas medievais grafaram em seus trabalhos alquímicos como resultado da experimentação desta relação, tanto através da prática quanto da filosofia alquímica, da chamada Senda Mística ou Union Mistique.


A pedra filosofal é o resultado desta busca, fruto do casamento alquímico entre Marte e Vênus, conjunction, que resulta em Mercúrio, sublimatio. Não surge como por encanto, é o resultado de uma busca incessante, gradual, que deve ser orientada por um Mestre e vivenciada por um Aprendiz, mesmo que estes papéis sejam apenas aspectos da própria personalidade, que busca a psicosíntese.


O transeunte da Senda não é um iluminado, muito menos uma Pedra Filosofal, porque na conciliação das diferenças, ele deixa extravasar de si as diferenças, as confusões, os abismos mais profundos, as montanhas mais elevadas e os desertos mais isolados. Não raro nos deparamos com posturas díspares de um suposto iluminado...


O senso comum opta pelo mais fácil, o julgamento, a esteriotipação. O estudante ocultista vê nisto a oportunidade de compreender o seu próprio caminho, retirando através da reflexão o ensinamento necessário para dar o próximo passo em direção a sua verdadeira vontade.


A crítica por si só não é um instrumento valioso para um buscador, porque através dela surge o olhar enviesado pela perspectiva de uma crença, impedindo a verdade, que é pluridimensional de surgir. A verdade não se apresenta como um recorte, ou como uma perspectiva, mas justamente pela integração destas.

Vitriol


Esta dialética entre consciência e inconsciência, foi registrada continuamente pelos alquimistas medievais e se tornava uma linguagem obscura para aqueles que não compreendiam os princípios básicos alquímicos.

O Ser Humano se transformou no sagrado cadinho, contendo os 7 elementos alquímicos, que através das influências cósmicas, experimenta no viver e nas relações propiciadas por ela, as diversas formas de manifestação de seu Ego, transmutando-se na Pedra Filosofal que tudo sublima. Foi a este processo que Basile Valetim batizou de V.I.T.R.I.O.L..


A tradução ocultista do Vitriol é "Visitae Interiore Terrae et Retificando Invenias Ocultum Lapidem", isto é, Visita o Interior da Terra e Retificando-te, Encontrarás a Pedra Filosofal".


A primeira vista tal expressão nos remeteria a um complicado processo alquímico, ou até mesmo a subjacente intenção de Valentim a representar uma substância alquímica... Não podemos descartar este fato!!!

No entanto, nem mesmo a concepção vulgar que atribui uma acepção física ao Templo de Salomão é satisfatória, se não surgir de imediato uma analogia ao processo de integração da consciência do próprio indivíduo.

Vitriol representa o incômodo mergulho nas profundezas do Ego, daquilo que é objetivado nas paixões através do desejo, e que simbolicamente nos remete a concepção mítica dos diabos e demônios que deveriam ficar excluídos no Inferno.


O contato com a "Terra" e a "Retificação do Humano" para "Encontrar a Pedra Filosofal", encerra uma sutiliza alquímica desapercebida pelos curiosos.


Apenas encontramos a Pedra Filosofal, quando compreendemos, aceitamos e encaminhamos a "materialidade" que nos compõem, porque enquanto sujeitos, a auto-imagem que compomos do nosso Ser, é um conjunto do Enxofre (matéria), do Sal (Alma) e do Mercúrio (Espírito), e somente através da alquimia interior é que podemos juntar o partido, transformando a Pedra Filosofal.

A Alquimia Interior


Introdução


Na Idade Média, surgiram escritos ocultistas correlacionados a alquimia, advindos de sociedades secretas que diziam ter conseguido a reprodução da Pedra Filosofal, bem como a confecção do Elixir da Longa Vida.

Tais sociedades, muitas vezes grafavam em pranchas iconoclásticas e em textos simbólicos, os procedimentos descritivos das vias, dos processos e elementos utilizados para atingir a Magnum Opera(A Grande Obra), tentando dar um caminho gnóstico a possíveis buscadores, de forma a isolar os chamados sopradores.

Estes registros se tornaram muitas vezes indescritíveis para o leigo, parecendo até mesmo para sérios estudiosos ocultistas, verdadeiros solilóquios indecifráveis, ou grandes embustes.


A maneira descritiva dos alquimistas medievais revelava um caminho solitário, fruto do desvelamento místico que o buscador opera na medida em que se aproxima do encontro com o Sagrado Anjo Guardião.

Neste encontro, o simbolismo místico interior, flui por sua própria via, desvelando para a consciência objetiva, o trabalho alquímico subjetivo de retorno a fonte de vida universal.


A este processo, Carl Gustave Jung chamou de individuação, termo psicológico que representa a transcendência da consciência para os planos do inconsciente coletivo, identificando-se com os arquétipos originais, que encontram no indivíduo um canal de desvelamento próprio na constituição do chamado Self.

Legado nos nossos Dias


A alquimia medieval acabou fundando, com seus estudos sobre os metais, as bases da química moderna. Diversas novas substâncias foram descobertas pelos alquimistas, como o arsênico.


Eles também deixaram como legado alguns procedimentos que usamos até hoje, como o famoso "banho-maria", devido a uma alquimista chamada Maria, a Judia. Ironia do destino, o desejo dos alquimistas de transmutar os metais, tornou-se realidade nos nossos dias com a fissão e fusão nuclear.


A psicologia moderna também incorporou muito da simbologia da alquimia. Carl Jung reexaminou a simbologia alquímica procurando mostrar o significado oculto destes símbolos e sua importância como um caminho espiritual.


Mas com certeza a maior influência da alquimia foi nas chamadas ciências ocultas. Não há ramo do ocultismo ocidental que não tenha recebido alguma idéia da alquimia, e que não a referencie.
Acima de tudo, a alquimia deixou uma mensagem poderosa de busca pela perfeição. Em um mundo tomado pelo culto ao dinheiro, à aparência exterior, em que poucos homens buscam a si próprio e ao seu íntimo.


As vozes dos antigos alquimistas aparecem como um chamado para que o homem reencontre seu lado espiritual e superior.

O Homúnculo


Talvez uma das mais interessantes idéias dos alquimistas seja a criação de vida humana a partir de materiais inanimados.

Não se pode duvidar da influência que a tradição judaica teve neste aspecto, pois na cabala existe a possibilidade de dar vida a um ser artificial, o Golem.

O conceito do homúnculo (do latim, homunculus, pequeno homem) parece ter sido usado pela primeira vez pelo alquimista Paracelsus para designar uma criatura que tinha cerca de 12 polegadas de altura e que, segundo ele, poderia ser criada por meio de sémen humano posto em uma retorta hermeticamente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias.

Então, segundo ele, se formaria o embrião. Outro nome a um ser criado artificialmente é Quimera.

O Processo Alquímico









O processo alquímico é o principal trabalho dos alquimistas (freqüentemente chamado de "A Grande Obra").


Trata-se da manipulação dos metais, e da fabricação da pedra filosofal. As matérias-primas do processo alquímico são, entre outros, o orvalho, o sal, o mercúrio e o enxofre.


De um modo geral, o processo alquímico é descrito de forma velada usando-se uma complicada simbologia que inclui símbolos astrológicos, animais e figuras enigmáticas.
O orvalho é utilizado para umedecer ou banhar a matéria-prima. O sal é o dissolvente universal.


Os outros dois elementos, mercúrio e enxofre são as principais matérias-primas da alquimia.


O enxofre é o princípio fixo, ativo, masculino, que representa as propriedades de combustão e corrosão dos metais.


O mercúrio é o princípio volátil, passivo, feminino, inerte. Ambos, combinados, formam o que os alquimistas descrevem como o "coito do Rei e da Rainha".
O sal, também conhecido por arsênico, é o meio de ligação entre o mercúrio e o enxofre, muitas vezes associado à energia vital, que une corpo e alma.



A linguagem dos textos alquímicos com freqüência faz uso de imagens sexuais. E não é muito incomum que a ligação de elementos seja comparada a um "coito". Normalmente este casamento é associado à morte, e é representado, com freqüência, ocorrendo dentro de um sarcófago.

Enquanto a união de ambos os elementos é representada por um "casamento" ou "coito", o combate entre o enxofre e o mercúrio, entre o fixo e o volátil, entre o masculino e o feminino é comumente representado pela luta entre o dragão alado e o dragão áptero.
Também é muito freqüente o uso de símbolos da astrologia na linguagem alquímica. Associam-se os planetas da astrologia com os elementos da seguinte forma:

· O Sol com o ouro
· A Lua com a prata
· Mercúrio com mercúrio
· Vênus com o cobre
· Marte com o ferro
· Júpiter com estanho
· Saturno com chumbo
Animais são usados pelos alquimistas para descrever o processo alquímico e os elementos envolvidos nele.
Os antigos tinham como quatro os principais elementos, terra, água, ar e fogo, de forma que todos os outros poderiam ser obtidos pela combinação destes, em diferentes proporções.
Normalmente, o unicórnio ou o veado é usado para representar o elemento terra, o peixe para representar a água, pássaros para o ar, e a salamandra o fogo. O sal é normalmente representado pelo leão verde.
O corvo simboliza a fase de putrefação do processo (associada ao calor e ao fogo), que assume uma cor escura. Enquanto que um tonel de vinho representa a fermentação, fase muito freqüentemente citada pelos alquimistas no processo alquímico.

O trabalho alquímico está fundamentado em certos caminhos que devem ser seguidos. Na alquimia existem dois caminhos principais: a via úmida (pois trabalha com o orvalho) e a via seca. A via úmida é considerada um processo lento, mas que oferece menos riscos.

A Pedra Filosofal




Os alquimistas tentavam produzir em laboratório a pedra filosofal (ou mercúrio dos filósofos, entre muitos outros nomes) a partir de matéria-prima mais grosseira.

Com esta pedra seria possível obter a transmutação dos metais e o Elixir da Longa Vida, que é capaz de prolongar a vida indefinidamente. O trabalho relacionado com a pedra filosofal era chamado por eles de "A Grande Obra".


Considera-se que o trabalho de laboratório dos alquimistas medievais com os "metais" era, na verdade, uma metáfora para a verdadeira natureza espiritual da alquimia. Assim, a transformação dos metais em ouro pode ser interpretada como uma transformação de si próprio, de um estado inferior para um estado espiritual superior.
A pedra filosofal poderia não só efetuar a transmutação, mas também elaborar o Elixir da Longa Vida, uma panacéia universal, que prolongaria a vida indefinidamente.

Isto demonstra as preocupações dos alquimistas com a saúde e a medicina. Vários alquimistas são considerados precursores da moderna medicina, e entre eles destaca-se Paracelso.
A busca pela pedra filosofal é, em certo sentido, semelhante a busca pelo Santo Graal das lendas arturianas. Em seu romance "Parsifal", escrito entre os anos de 1210 e 1220, Wolfram von Eschenbach associa o Santo Graal não a um cálice, mas a uma pedra que teria sido enviada dos céus por seres celestiais e teria poderes inimagináveis.

Também na cultura islâmica, uma pedra desempenha papel importante, a chamada Hajar el Aswad, que é guardada dentro de uma construção chamada de Kaaba, considerada sagrada, e que é cultuada em Meca.


História da Alquimia


Alguns opinam que a palavra "alquimia" vem da expressão árabe "al Khen" (الكيمياء ou الخيمياء de raiz grega, "elkimya"), que significa "o país negro", nome dado ao Egito na antiguidade, e que é uma referência ao hermetismo, com o qual a alquimia tem relação. Outros acham que está relacionado com o vocábulo grego "chyma", que se relaciona com a fundição de metais.


Podemos dividir a história da alquimia em dois movimentos independentes: a alquimia chinesa e a alquimia ocidental, esta última desenvolvendo-se ao longo do tempo no Egito, Grécia, Roma, Índia, mundo islâmico, e finalmente de volta para a Europa.
Na China a alquimia estaria associada ao Taoísmo. Também a filosofia védica na Índia ao redor do ano 1000 a.C. apresenta semelhança com as idéias dos alquimistas.


No Egito antigo ela era considerada obra do deus Thoth, também conhecido por Hermes Trismegistus, por isto o termo hermetismo está associado à alquimia.


Na cidade de Alexandria, no Egito, onde floresceu nos primeiros séculos da era cristã, a alquimia recebeu influência do neoplatonismo, que diz que a matéria, apesar de múltiplas aparências, é formada por uma substância única, sendo esta a justificativa para a possibilidade da transmutação.

Assim, o processo alquímico é obtido pela fusão dos quatro elementos fundamentais da antigüidade: fogo, ar, água e terra.


Foi graças às campanhas de Alexandre, o Grande, que a alquimia se disseminou em todo o oriente. E foram os muçulmanos que a levaram novamente para a Europa, particularmente para a Espanha ao redor do ano de 950.

Assim, este florescimento da alquimia na península Ibérica durante a Idade Média está relacionado com a forte presença da cultura oriental, muçulmana, mas também com a cabala judaica, com a qual a alquimia tem relação.


Durante a Idade Média muitos alquimistas foram julgados pela Inquisição, e condenados à fogueira por alegado pacto com o diabo. Por isto, até os dias de hoje o enxofre, material usado pelos alquimistas, é associado ao demônio.
A história mais recente da alquimia confunde-se com a de ordens herméticas e religiosas, como a Ordem do Templo e os rosacruzes.

Introdução a Alquimia



Alguns, influenciados pelo conhecimento científico moderno, atribuiam à alquimia um caráter de "proto-ciência", devemos nos lembrar que ela tem mais de religião que de ciência.

Assim, ao contrário da ciência moderna que busca descobrir o novo, a alquimia preocupava-se com os segredos do passado, e em preservar certo conhecimento antigo.
Parte desta confusão de tratar a alquimia como proto-ciência é conseqüência da importância que, nos dias de hoje, se dá à alquimia física (que manipulava substâncias químicas para obter novas substâncias), particularmente como precursora da química.
No entanto, muito do trabalho alquímico relacionado com os metais era apenas uma metáfora para um trabalho espiritual.

Torna-se mais clara a razão para ocultar toda e qualquer conotação espiritual deste trabalho, na forma de manipulação de "metais", se nos lembrarmos que na Idade Média qualquer um poderia ser acusado de heresia, satanismo e outras coisas, acabando por ser perseguido pela Inquisição da Igreja Católica.
Como ciência oculta, a alquimia reveste-se de um aspecto desconhecido, oculto, místico e mítico. Muitos dos textos alquímicos, rebuscados e contraditórios, devem ser entendidos sob esta perspectiva, mais interessados em esconder que em revelar.
A própria transmutação dos metais é um exemplo deste aspecto místico da alquimia. Para o alquimista, o universo todo tendia a um estado de perfeição. Como, tradicionalmente, o ouro era considerado o metal mais nobre, ele representava esta perfeição.

Assim, a transmutação dos metais inferiores em ouro representa o desejo do alquimista de auxiliar a natureza em sua obra, levando-a a um estado de maior perfeição.
Portanto, a alquimia é uma arte filosófica, que busca ver o universo de uma outra forma, encontrando nele seu aspecto espiritual e superior!
A alquimia se baseia na "Troca Equivalente", para se criar algo era preciso dar algo de igual valor. O mesmo principio é usado hoje em dia, "Na natureza nada se cria nada se destrói, tudo se transforma." (Lavosier).

A Alquimia


A Alquimia é uma tradição antiga que combina elementos de química, física, astrologia, arte, metalurgia, medicina, misticismo, e religião.

Existem três objetivos principais em sua prática. Um deles é a transmutação dos metais inferiores em ouro, o outro a obtenção do Elixir da Longa Vida, uma panacéia universal, um remédio que curaria todas as doenças e daria vida eterna àqueles que o ingerissem.

Ambos estes objetivos poderiam ser atingidos ao obter a pedra filosofal, uma substância mítica que amplifica os poderes de um alquimista. Finalmente, o terceiro objetivo era criar vida humana artificial, o homunculus.

É reconhecido que, apesar de não ter caráter científico, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química.
Alguns estudiosos da alquimia admitem que o Elixir da Longa Vida e a pedra filosofal são temas simbólicos, que provêm de práticas de purificação espiritual, e dessa forma, não poderiam ser considerados substâncias reais.

Há pesquisadores que identificam o Elixir da Longa Vida como um líquido produzido pelo próprio corpo humano, que teria a propriedade de prolongar indefinidamente a vida daqueles que conseguissem realizar a chamada "Grande Obra", tornando-se assim verdadeiros alquimistas. Existem referências dessa substância desconhecida também na tradição da Yoga.